Carro trazia, no alto, um homem com a faixa presidencial, intitulado “vampiro neoliberalista” – uma alusão crítica ao presidente Michel Temer
A escola de samba Paraíso da Tuiuti passou pelo Sambódromo, neste domingo (11/02), com um desfile de forte crítica social e política. O tema principal, expresso no título do samba, “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”, era a ideia de que a exploração dos escravos prossegue, de outras formas, nos dias atuais.
Na parte final do desfile, um carro trazia, no alto, um homem com a faixa presidencial, intitulado “vampiro neoliberalista” – uma alusão crítica ao presidente Michel Temer. Uma ala, chamada “Manifestoches”, com passistas fantasiados de patos, sugeria que manifestantes foram fantoches em protestos políticos. Outra ala lembrava do trabalho informal, numa referência explícita à reforma trabalhista.
Do camarote da Globo, onde narravam o desfile, Fátima Bernardes, Alex Escobar e Milton Cunha reagiram com comedimento ao surpreendente protesto, como se estivessem constrangidos. “As desigualdades vem vindo até os dias de hoje”, disse Fátima. “Muitas confecções usam trabalho escravo”, observou. “Os manifestoches”, leu ela, ao ver passar a ala com os patos, sem dizer mais nada. “Manipulados”, acrescentou Milton.
O constrangimento se repetiu diante da crítica ao presidente. “O vampirão”, disse Milton. Alex Escobar apenas riu. E Fátima observou: “É o regime de exploração nos mais diversos níveis”. Um pouco depois, Escobar disse o que todos viam: “Tá com a faixa de presidente esse vampiro”. E Fátima idem: “Vampiro neoliberalista”.
Encerrado o desfile, o camarote da Globo recebeu vários participantes do desfile da Tuiuti – mas nem o vampiro, nem os “manifestoches” foram assunto das entrevistas.
Fonte: Mauricio Stycer - Uol