“História, Cultura Negra e Identidade: um olhar sobre o legado africano no Piauí”! Foi com esse tema que desde do início do mês de novembro, a Prefeitura Municipal, que tem como gestor Edilson Brito, através da Secretaria de Cultura, a Biblioteca Patativa do Assaré, Ponto de Cultura Cidade Poesia e Cine Mais Cultura Flor do Sertão, realizaram o II Ciclo de Palestras Sobre a Consciência Negra. A última ação do ciclo aconteceu na noite desta segunda-feira, 27, no Ponto de Cultura Cidade Poesia.
Segundo a secretária de Cultura, Marli Veloso, a II edição do ciclo de palestras foi realizado com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre a literatura, a história, a cultura e a realidade das lutas do movimento negro brasileiro e principalmente piauiense, bem como conscientizar a população para a importância desse povo na formação social, histórica e cultural de nosso país.
O ciclo de palestras também trouxe a iniciativa de colaborar e contribuir na aplicação da Lei Federal 10.639/03 e 11.645/08 que alterou a Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional, tornando obrigatória a inclusão das culturas africanas e afro-brasileiras, e a história do povo indígena na estrutura curricular do Ensino Fundamental e Médio público e privado, bem como também discutir, divulgar e fazer valer o Estatuto de Igualdade Racial aprovado em 16 de junho de 2010. A celebração relembra a importância de refletir sobre a posição dos negros na sociedade. Afinal, as gerações que sucederam a época de escravidão sofreram e sofrem diversos níveis de preconceito. A data foi estabelecida pelo projeto Lei n.º 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. No entanto, somente em 2011 a lei foi sancionada (Lei 12.519/2011) pela presidente Dilma Rousseff.
Diversas personalidades piauienses que defenderam o movimento negro, foram lembradas ao longo do ciclo. Um exemplo desses é o professor José de Lima Cavalcante, popularmente conhecido como José Abílio, que trabalhou no município de Vila Nova do Piauí, por vários anos. “José Abílio é uma referência na defensiva contra as injustiças, seus feitos como cidadão jamais devem ser esquecidos”, disse Marli.
Também foram lembrados os feitos de Júlio Romão da Silva, um jornalista, escritor e poeta brasileiro. Ocupou a cadeira, 31, da Academia Piauiense de Letras. Júlio era piauiense mas era radicado no Rio de Janeiro, onde ganhou cidadania e o nome de uma das ruas do bairro Méier, era detentor dos prêmios Filosofia e João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Recebeu algumas comendas, como o Mérito Cultural Conselheiro Saraiva, no Piauí. Prêmio Cláudio de Sousa, da Academia Brasileira de Letras, com a peça A invasão. A UFPI homenageou o escritor Júlio Romão com título de Doutor Honoris Causa.
No encerramento aconteceu as palestras: Legislação sobre a história e a cultura Afro-Brasileira- avanços e novos parâmetros de exigibilidade, com a Professora e Advogada, Núbia Rocha que falou dos aspectos legais, históricos e sociais que permeiam os negros no Brasil. Houve ainda a palestra Literatura Negra- Conceito em construção, sentido e ramificações, com a professora e Secretária de Cultura de Vila Nova, Marli Veloso; Diversidade Étnica e Identidade, com o Professor e Comunicador Social, Rafael Santos que deu um show.
Finalizando o ciclo de palestras aconteceu também uma apresentação cultural com o grupo AJA e uma roda de capoeira com o Grupo Ginga Nova. Os alunos da UEPSI, Campus de Picos, também estiveram realizando exposição sobre líderes e defensores negros.
O prefeito Edilson Brito, participou e apoiou a iniciativa da realização do II Ciclo de palestras e em sua fala durante o evento reforçou a importância de respeitar a cor da pele sobretudo o ser humano. “Ao longo minha vida profissional e na minha vida educacional sempre fiz e faço o melhor pelo povo de Vila Nova, e hoje como prefeito não é diferente. A realização deste evento tem meu total apoio. Estou na luta em busca do que for de melhor para o nosso povo, pois valorizar e conscientizar para um olhar sobre os negros é cultura e é a reconstrução da nossa própria identidade”.
O Graduando em Letras, Mauricio Delfino, avaliou as ações pela consciência negra. “O II ciclo de palestras possibilitou que as pessoas vissem a importância do dia da consciência negra e o quanto ela contribuiu para a construção da sociedade e a literatura brasileira. Também foi importante para mostrar vozes negras que estão ativas perante a sociedade mais que não são tão reconhecidas como deveriam ser, exemplo: Elio Ferreira, que em suas produções trabalhou muito a militância e a importância do respeito ao negros nos dias de hoje, sem falar da valorização a cultura afro” disse o vilanovense.
A renomada professora, Maria Cândida de Jesus Pereira, que deu uma palestra no 1º dia do Ciclo sobre Esperança Garcia: mulher negra e escravizada e primeira advogada do Piauí, fez um relato do que vivenciou em Vila Nova estes dias. “Esse momento para mim enquanto pessoa descendente de Africanos é um presente, enquanto professora de História mais ainda, pois aqui meus alunos estão tendo acesso a um rico conhecimento. Quando a Núbia falou que 17 artigos da Constituição já garante a questão da efetividade em relação a nossa história. Eu aponto que ainda existe uma lacuna em relação ao livro didático, livro didático não é fiel ao que se propõe na lei e o livro ainda é um dos maiores instrumentos na sala de aula, o ENEM também não é fiel a lei. Mas que enquanto poder público, Vila Nova está de parabéns, estamos de parabéns. O importante é aprender enquanto professora de História a trabalhar com ação afirmativa a questão da reparação, um país além de ter 53% da população negra e a maior população africana fora da África. E enquanto professora de História fica um desafio a essa formação, ela consolida o papel da nação do país. Eu gostaria de dizer a Marli que a cada ano é um desafio quando a gente chega aqui no final, já dar saudade, esse ciclo acrescenta muito para os nossos alunos, que nos anos vindouros venham com essa temática e que a nossa participação seja igual a desse ano, porque foi muito bom. E muito obrigada”, ressaltou.
O evento de encerramento reuniu entidades e associações do movimento negro, pesquisadores, estudantes e professores comprometidos com a discussão das políticas de ações afirmativas e a erradicação de toda e qualquer forma de racismo e de preconceito. Dentre outros a primeira dama e secretária de Assistência Social, Ana Carolina; a secretária de Educação, Edinete Brito; a diretora da Escola Luiz Ubiraci de Carvalho, Ignez Silva; a Diretora da Escola Sabino Gomes de Lima, Evinha Lima; a diretora da Escola Zacarias Manoel da Silva, do Povoado São João Batista e outros.
No dia 16/11, a assessoria de comunicação também cobriu o evento, mas por problemas tecnológicos, nossas fotos foram corrompidas. No referido dia, aconteceu as seguintes palestras: A identidade do Negro no Brasil na poesia de Elio Ferreira, (Graduando em Letras, Mauricio Delfino); A literatura Africana de Língua Portuguesa: Diálogos e identidade na obra de Mia Couto, (Professor, Jhônatas de Araújo Luz); Invisibilidade e Estética Negra, (Grupo Cultural Adimó, Mano Chagas).
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FONTE E FOTOS: ASCOM PMVN