A estiagem prolongada já fez com que o Piauí perdesse ao longo de seis anos quase 100 hectares de cajus plantados. De acordo com o IBGE, em 2009 o estado tinha mais de 184 mil hectares de cajueiros e em dezembro do ano passado esse número era de apenas 87 mil hectares.
Em 2015, o prejuízo foi de quase 60% na perda da safra do caju, o que afetou na produção da cajuína, bebida artesanal e tradicional no Piauí. A seca que afastou a pouca chuva que a planta exige para fecundação das flores e formação dos frutos, é um dos fatores.
Parece ironia, mas o caju se adaptou muito bem ao Piauí justamente por causa do clima rigoroso. O cajueiro suporta, segundo especialistas, facilmente temperaturas de até 37 graus, só que a nossa média tem passado disso e a umidade muito baixa acabava fazendo um serviço contrário ao desenvolvimento da cajucultura: as flores ficam queimadas pelo excesso de sol e quando o fruto nasce não se desenvolve e murcha no pé.
Na zona rural de Teresina, Dona Corina Carvalho tem cerca de mil pés de caju. Sem chuva e com o calor excessivo, a safra não promete ser das melhores este ano. Mas o mau sinal ela recebeu do cajueiro mais antigo da propriedade: as flores secaram no pé.
“É um sinal de que a gente fica triste porque tá quase com a certeza que ele (cajueiro) não vai mais dar. Se der, é aquele caju que não é bonito, não é o gostoso porque faltou a chuva”, avaliou.
Outro motivo de tristeza para dona Corina, que produz cajuína há 18 anos, é que com a queda da safra de caju cai também a produção da bebida. Na casa onde fabrica há uma grande quantidade de garrafas vazias esperando o caju aparecer para a produção começar.
“Ano passado as garrafas estavam quase todas cheias e depois a gente ainda conseguiu mais caju e enchemos todas as garrafas que nós tínhamos. Fizemos 15 mil frascos no ano passado, mas este ano ainda estamos esperando. A esperança é a última que morre”, falou dona Corina.
O drama de dona Corina se repete em todo o Piauí. Os cajucultores amargam prejuízos com a estiagem há pelo menos seis anos. Com a morte de tantos cajueiros, a produção de castanhas também caiu. De 42 mil toneladas para 12 mil. No semiárido, uma Cooperativa beneficia a castanha produzida por 450 famílias de nove municípios. Quase toda a produção vai para a Europa, mas as exportações caíram.
“É uma questão que vai levar tempo, a recuperação dessas áreas, tendo em vista também, como elas não são irrigadas, vai estar exposta a questão da seca, mas existe um trabalho diante da grande produção que o Piauí tem e pela importância da cadeia produtiva”, falou, Patrícia Vasconcelos , superintendente de Agricultura Familiar.
Fonte: G1 Piauí