Apicultores de Itainópolis se destacam com métodos de preservação de colmeias na estação quente, chamando atenção no Jornal Nacional

 

O cenário é de caatinga, mas no meio da aridez piauiense, uma plantação verdinha rouba a atenção dominada pelo cinza. É para lá que o apicultor Mariano de Oliveira leva as colmeias durante a seca.

“É muito importante por causa da florada, que a gente necessita muito de ter algum tipo de alimentação para sustentar as abelhas no período de escassez”, explica.

Há dois anos, apicultores que vivem em Itainópolis, a 400 km de Teresina, usam pastos irrigados para alimentar e proteger os enxames de abelha do período mais quente na região – que vai de setembro a dezembro. Esse manejo garante a sobrevivência das colmeias o ano inteiro.

“Quando ela chega no período de produção mesmo, ela vai estar uma abelha saudável, forte, resistente e, consequentemente, ela vai ter o melhor desempenho na produção”, diz engenheiro agrônomo Chagas Souza.

O mel – que é conhecido por lá como tesouro dourado – é responsável pelo sustento de muitas famílias, que aprenderam a conviver com as dificuldades de um lugar onde chove, em média, cinco meses por ano.

“A gente vem conseguindo manter os enxames e tem conseguido se manter nessa atividade durante esses anos”, fala o apicultor Natanael Oliveira.

Esse cuidado rigoroso tem uma explicação: é que o mel produzido nessa região do Piauí é 100% orgânico e por isso tem portas abertas no mercado internacional. Mas para isso acontecer, os apicultores do sertão tiveram que aprender a trabalhar em grupo. Eles se organizaram em cooperativas.

Uma central, em Picos, leste do Piauí, reúne quase 900 apicultores de 40 municípios. A central produziu mil toneladas de mel orgânico no ano passado. Quase toda a produção seguiu para os Estados Unidos, Canadá, China e Europa.

“O grande diferencial do nosso mel é a pureza. Nosso mel está livre de todo e qualquer contaminante”, conta Wellington Dantas, gerente comercial da Casa Apis.

Em uma década, a produção do estado cresceu mais de quatro vezes.

“No mês de março, o Piauí sozinho estava exportando a metade do mel do Brasil. Então, eu acho que os dados, a estatística, falam por nós”, explica Antônio Leopoldino Dantas, diretor da Casa Apis.

Antes de fazer sucesso em mesas mundo a fora, o produto passa por várias etapas de beneficiamento e certificação. É numa dessas fases que entra o talento da laboratorista Nubia de Oliveira. Ela trabalha para que o mel, com DNA piauiense, chegue cada vez mais longe.

“Já é um orgulho imenso saber que, de certa forma, eu contribuo um pouquinho para que esse mel chegue aonde está”, diz.

Veja o vídeo;

Fonte: Jornal Nacional

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